Neymar: culpado ou inocente?

Nos últimos dias o assunto mais comentado do futebol brasileiro não é a liderança do Fluminense ameaçada pela vitória do Corinthians, nem a má fase do São Paulo depois da derrota para o Inter. Muito menos a situação complicadíssima do Atlético-MG na zona de rebaixamento com um ótimo elenco no papel. O que mais se falou foi das confusões de Neymar. O jovem craque do Santos arrumou briga no final da partida contra o Ceará, reclamando da forte marcação que recebeu e do rodízio de faltas em cima dele. Antes, foram os adversários que reclamavam do garoto abusado, que dava chapéu e finta mesmo com a bola parada. Criticavam o desrespeito. Mas na última rodada, Neymar extrapolou as desavenças com os adversários e brigou com o técnico Dorival Júnior e com os companheiros de equipe. Por quê? O que aconteceu com o garoto alegre e habilidoso que enchia os olhos com seu futebol?

Neymar tem apenas 18 anos, está entrando na fase adulta, mas tem que entender que já tem responsabilidades de adulto. É um jogador profissional, assediado por outros clubes, recebe como um adulto e precisa ter atitudes de adulto. Ele tem que entender que isso não o impede de jogar um futebol moleque, com graça e qualidade. Ele tem que entender que não é o dono do time, que não faz nada sozinho. Aliás, esse é um dos problemas de Neymar. De repente, ele se viu sozinho. Aquele Santos, campeão da Copa do Brasil, contava com um grupo de jogadores que, jogavam bonito, enchiam os olhos. Os meninos da Vila. Mas saíram André, Robinho e Wesley. Ganso se machucou e Neymar ficou sozinho com a responsabilidade de levar o time para frente. O garoto se deslumbrou, se assustou. Passou a ter atitudes de menino e não de atleta profissional.


Neymar, quando ainda tinha Robinho como companheiro.

Ele errou quando deu um chapéu e driblou o adversário com a bola parada. Ele errou quando simulou ou supervalorizou faltas que recebeu. Ele errou quando reclamou verbalmente com o adversário da marcação que sofreu. E, principalmente, ele errou ao desobedecer ao técnico e xingar os companheiros. Para que o talento que ele tem não seja desperdiçado e Neymar possa crescer no futebol e trazer alegrias ao povo brasileiro, ele tem que entender isso. Neymar ainda não é um craque, um homem, um ídolo do futebol. Ele é um projeto disso tudo. O jogador já se mostrou arrependido e pediu desculpas em público. Tomara que na próxima rodada voltemos a falar da magia do futebol de Neymar dentro de campo e não dos problemas de fora do gramado.